domingo, 19 de outubro de 2014

METALLICA - RIDE THE LIGHTNING


Por: Anderson Frota

Ninguém espera, com muito afinco, os discos novos de bandas já veteranas e consagradas. Existe expectativa, é claro, mas ela é diluída pela disponibilidade de uma discografia carregada de clássicos e que, na maioria dos casos, contém os anos mais profícuos dos artistas.

Quando se trata de grupos iniciantes é um pouco diferente. Bandas que lançam grandes álbuns em suas estréias deixam os fãs com mais água na boca, querendo ter logo acesso a mais material, mais novidades deles. Evidente que pra gerar esse tipo de ansiedade, o artista em questão tem que surgir com uma assinatura própria, algo que o distingua de alguma maneira da avalanche de outros novos grupos que aparecem todos os dias. Não há dúvida de que Kill´em´All foi um desses casos. Um lançamento bombástico que demandou uma espera por mais e mais e mais daquele grupo chamado Metallica e, exatamente um ano e dois dias depois, a sequência chegou para satisfazer a espera. Ride the Lightning, um disco que ignorou a tal da síndrome do segundo álbum e melhorou e ampliou tudo o que foi anunciadio na estréia. Prescindir da contribuição de um compositor como Dave Mustaine não seria fácil, mas a banda superou com tranquilidade essa ausência, embora o guitarrista ainda tenha sido creditado como co-autor em duas músicas. Ride é um passo além do que foi apresentado no seu antecessor. É mais variado, mais trabalhado. Não é um disco em que tudo se destaca, mas os seus momentos aquém da qualidade do restante são tão poucos que são desconsiderados perante o resultado geral. Tudo é tão grandioso que o logo da banda, em formato de bloco, parece ter sido desenvolvido para sinalizar o estágio musical em que eles estavam. O começo melódico de Fight Fire with Fire logo desaparece sob o riff da guitarra de James Hetfield. Thrash metal absoluto, sem um minuto para respirar. A letra falando de hecatombe nuclear, junto com outras que falam de cadeiras elétricas, pragas egípcias e quetais apresentam-se bem distantes das temáticas atuais, onde Hetfield resolveu fazer do ato de compor uma terapia pros seus traumas pessoais. O que eu poderia falar sobre Creeping Death, Fade to Black, For Whom the Bell Tolls, Ride the Lightning e The Call of Ktulu – provavelmente a melhor música já feita em homenagem a H.P. Lovecraft - que alguém ainda não saiba? Como estabelecer um parâmetro entre todas as faixas mencionadas até aqui, quando todas estão entre o que de melhor já foi feito em termos de heavy metal? Trapped Under Ice responde, junto com Fight Fire with Fire, pelo lado mais thrash do álbum, mas talvez por ter sido relegada pela banda através dos anos, não é tão referenciada quanto deveria. E quanto a Escape, pode se dizer que, apesar de estar longe de ser uma música ruim, é a mais comum do disco. Ela cresceria sobremaneira em um disco de uma banda menor, mas dentro do repertório de Ride, falta fôlego a mesma. 

No entanto, como já foi dito, a carga de inspiração que gerou as demais composições consegue transmitir sua vibração com tanto vigor que torna qualquer faixa tão grande quanto o todo. Ride the Lightning fincou o nome da promessa Metallica na história e colocou-os de imediato junto aos baluartes do estilo. O disco completou 30 anos mas, curiosamente, toda vez que eu o escuto, me sinto com 30 anos a menos...

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