05 de agosto de 1985 - Uma Data Memorável

Foto: Arquivo pessoal

Por Lucas "Powerhead" Júnior

Numa tarde de sábado, fomos, nós que formávamos o True’s Metal F.C. - eu, Jander e João Carlos, convidados para um encontro que, dentre outros assuntos, debateria a realização de uma festa diferente, audaciosa, um baile de Heavy Metal jamais realizado na cidade.

Edição do True Metal Fan Club

Exatamente no Casarão Democrata, depois Casarão do PT, centro de estudos aberto para toda a juventude. E nós, cabeludos, de jaquetas e blusas pretas e pulseiras, encontramos os amigos universitários que nos receberam muito bem, já que a Dora, uma oradora brilhante, fez-nos um emocionante resumo da nossa vivência, de um lado a causa política e de outra a musical, que em suma se resumiam a uma resistência democrática, já que ainda vivenciávamos uma ordem ditatorial no País.

Tava lá a turma da UECE, com a qual eu iria conviver três anos mais tarde, Wellington, Dora, Lupeu da Bahia, Ricardo, Lamarque, uma galera rica em conhecimentos gerais, enquanto nós três no mundo infinito e supremo do Metal. Até que, nos "finalmentes", a Dora disse: “Bem gente, agora vamos tratar do festival”. Então o Jander olhou pra mim sorrindo, como se falasse: “Agora É NÓIS!" E organizamos o evento.

Na noite de 5 de agosto de 1985, também num sábado, as estrelas brilharam mais forte e, à frente o maravilhoso casal Dora & Wellington, acontecia a TEMPESTADE METÁLICA em pleno corredor Av da Universidade, em Fortaleza. Obviamente, tendo em vista as limitações físicas da casa, a divulgação foi verbal, boca a boca, tão massiva entre os universitários como entre os bangers, de modo que os que foram sabiam que iriam ouvir rock pesado.

Cartaz de divulgação do evento

Então a galera foi chegando, chegando, nossas fitas do IRON MAIDEN, VENOM, METALLICA e ANVIL metendo a sola; Ju e a Olindina bangeando entre a gente, quando vejo do lado de fora a galera – apaixonada, do Bremen, que logo empurrei para dentro. Depois mandaram me chamar: os punks! Dedé Podre e os santinhos da Jurema, inclusive minha grande amiga Eliane Zueira. Pedimos respeito e eles se comportaram. Sonzão violento, vizinhança morrendo de medo, polícia perguntando “ o quê é que há?” Rock´n´Roll! Enfim, tudo terminou em paz.

Aos que estão vivos, o caminho continua, amando sempre a nossa música na estrada da eternidade. Aos que vieram depois, mantenham a fé. Tempestade Metálica ontem, hoje e sempre. Muito obrigado casal vinte. 30 anos vêm aí. Vamos para a glória!