quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

POSSESSED - O Retorno do Exorcista

Por: Anderson Frota


De forma alguma eu começaria esse texto falando sobre quem, de fato, criou o Death Metal. Isso é uma discussão parcialmente inócua e sem um resultado preciso a ser alcançado, pois estilo algum pode se originar de uma fonte individual. Qualquer estilo, qualquer tendência musical, é consequência de colaborações coletivas, geograficamente espalhadas, e de natural evolução cronológica da música.


Dito isso, posso agora afirmar que independente da origem, a certeza que eu tenho é de que este disco definiu para mim o que seria Death Metal e tudo que eu ouvi do estilo desde então, passou pelo crivo do que aprendi com "Seven Churches". Em suma, eu uso uma espécie de “padrão POSSESSED” para avaliar o que é e o que não é Death Metal para mim.

A capacidade para fazer Death Metal exige do compositor o dom de transmitir determinadas sensações com sua música. Tem que ter peso? Confere; tem que ter rapidez? Não necessariamente. Mas é fundamental que haja a sensação de malignitude. De medo e de asco. A música tem que ser, literalmente, tenebrosa. Quando "Seven Churches" chegou até nós, dava para perceber ali os espectros do VENOM e do SLAYER, mas havia a inserção de diferenciais, nos timbres, nas batidas, na voz. Em "The Exorcist", primeira música, após a mais do que óbvia introdução retirada da composição de Mike Oldfield, que serviu de trilha sonora para o filme de mesmo nome, a melodia de guitarra, que pontua o intervalo entre as estrofes, aumenta a tensão da música, passando a sensação de embate que a letra da mesma sugere.


Quando se fala em POSSESSED, o primeiro nome que vem à lembrança é o de

Jeff Becerra, por ser o frontman, o letrista e por suas tragédias pessoais, além do fato de não ter se rendido aos traumas causados por estas e estar capitaneando a banda atualmente. Em seguida, vem Larry LaLonde, que chama atenção pela reviravolta sem precedentes que deu em sua carreira, saindo do POSSESSED para o PRIMUS. O nome de Mike Torrao nem sempre é devidamente mencionado, mas é necessário, por justiça, trazer à tona a sua contribuição, afinal ele não é apenas o fundador da banda, mas, principalmente, o compositor de todas as músicas. Torrao assina sozinho o álbum inteiro, excetuando apenas a faixa-título feita em parceria com LaLonde. Por essa razão, o sujeito merece ser um verbete de destaque na história da criação do gênero, afinal saíram de sua mente faixas clássicas como "Pentagram" e principalmente, a música que definiu tudo: "Death Metal". 


Não apenas pela associação que seu nome gera, mas essa composição é para mim o mesmo que "Black Metal" é para o VENOM e para o estilo de mesmo nome. Um grito seco, proferido sobre uma base extrema que, por ser a ultima faixa do disco, resume tudo que lhe antecede. Resume a velocidade de "Burning in Hell", resume a guitarra e o baixo dobrados no final de "Fallen Angel", resume a capa minimalista, resume, por fim, o pioneirismo de uma banda que agregou suas influências, colocou a sua marca, e passou a ser influente, pois foi um dos baluartes do estilo que, até hoje, apesar de suas infinitas variáveis – Brutal Death Metal, Deathcore, etc... – ainda é a fronteira não ultrapassada da música pesada. É o metal da morte, afinal, e, depois dessa, não há mais alternativas.


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