domingo, 31 de agosto de 2014

W.A.S.P. (1984)

Por Anderson Frota | 31/08/2014


Dá pra comprar um disco pela capa e não se arrepender. Aconteceu comigo, quando me deparei pela primeira vez com o disco do WASP.


WASP? Quem seriam esses caras??? O disco é lançado no Brasil e ninguém tinha sequer ouvido falar do grupo. A imprensa especializada da época não divulgava a banda porque era considerada como “false metal”, então não havia muita informação disponível...

Mas você chega na loja e vê a capa razoavelmente legal, com quatro sujeitos vestidos de super-heróis psicopatas em um inferno de araque. Parece ser interessante... Pede-se ao lojista para ouvir um pouco e, mal começa a primeira música, a venda já foi garantida. I Wanna Be Somebody inicia quase que repentinamente, após um súbito ratátátá de bateria. A música é o típico hard rock de arena, alta e rápida, com refrão avassalador e desempenho perfeito de toda a banda. Não falta nem o momento em que apenas a bateria prossegue, devidamente planejado para ser reproduzido ao vivo com a participação do público.

Já nem seria mais necessário continuar com a audição-teste na loja, mas L.O.V.E. Machine dá sequência ao nível do trabalho que só é quebrado, momentaneamente, por The Flame. Essa, está longe de ser uma música ruim, mas soa como a faixa mais comum entre todas as demais do disco. A qualidade das canções dessa estréia do WASP é tanta que uma boa música como The Flame fica deslocada por não estar no mesmo patamar das demais.
A inspiração começa a reaparecer com a música B.A.D. e vai melhorando com School Daze, com uma excelente marcação de bateria em suas estrofes, até chegar em outro grande momento: Hellion, uma das mais pesadas e empolgantes.


Blackie Lawlees, que tocava baixo nesse disco, estava escudado por uma das melhores – se não a melhor - formações que o grupo já teve. Além dos guitarristas Randy Piper e Chris Holmes, por muito tempo o braço direito de Blackie, tinha a pegada impecável do baterista Tony Richards, desaparecido em combate, pois, depois desse disco, o sujeito aparentemente abandonou a carreira musical, não havendo mais notícias de seu paradeiro.


O próximo destaque é a sinistra balada Sleeping in the Fire, que tem uma parte intermediária bem agressiva, condizente com o tema soturno da letra. Nessa balada – por força de expressão - fica mais claro a diferença do WASP para as bandas que equivocadamente eram classificadas como mencionado acima. Existia uma tendência melódica comum, além da similaridade de timbres utilizados, mas o WASP era um degrau mais agressivo que as demais, mais notadamente pela voz rasgada de Blackie Lawless.


O que corresponderia ao lado B do vinil é impressionante de tão bom! Depois das já citadas Hellion e Sleeping in the Fire, vem, na sequência, On Your Knees, a sensacional e compassada Tormentor (parece que é impossível fazer uma música ruim com esse nome) e finalmente, fechando o ciclo do álbum com a mesma dose de brilhantismo com que começou, The Torture Never Stops. Apontar a melhor faixa entre essas cinco é quase impossível.

As mudanças de formação constantes, que quase sempre costumam criar embaraços na carreira das bandas, afetou pouco o WASP. Talvez, tal qual ocorreu com o Megadeth e o Running Wild, para ficar em apenas dois exemplos, a imagem do grupo centralizou-se excessivamente na figura do seu mentor. Felizmente, o sujeito em questão é uma figura inquieta e sempre procurou fazer com que sua música avançasse em níveis artísticos. O WASP sempre se manteve em evidência e tem fãs bem dedicados e fiéis. Essa é a recompensa de estabelecer objetivos e persegui-los. Blackie Lawless conseguiu: ele se tornou alguém

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